terça-feira, 19 de abril de 2016

Descanso

"Construa pontes ao invés de muros."


Quebrei os muros ao redor do meu castelo medieval, fiz minhas pontes, o tráfego de pessoas tem aumentando com o tempo, meu eu interior mais conhecido como meu castelo está ficando frágil, vulnerável e cansado.

"Saiam todos, vamos fechar o castelo para visitações por um tempo."

Um tempo que pode durar dias, meses, mas nunca anos, tem muitas coisas bonitas aqui dentro que precisam ser compartilhadas com quem sabe apreciar a beleza da arte e tranca-las por anos é desperdício, este castelo não estará aqui para sempre e para aonde as artes vão depois que o castelo desaparece ninguém nunca sabe. Apenas um tempo que seja o suficiente para que eu possa organizar as novas artes que chegam e eliminar o lixo que vem junto, um tempo para que o espírito mutável do castelo possa ouvir a melodia do silêncio e refletir sobre a solidão na escuridão.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Conselho aos Sensíveis

         
Quem você pensa que é para achar que o seu sofrimento é o mais especial, e que merece mais atenção?
Quem você pensa que é para achar que o mundo inteiro deveria parar por causa da sua dor?
O mundo é cruel e você tem que aprender a conviver com isso, milhares de pessoas também estão sofrendo, mas o mundo não vai parar para esperar ninguém se sentir bem, o mundo não vai esperar você colocar um sorriso no rosto. A grande maioria das pessoas não se importam, elas não ligam para a sua maldita dor, é duro dizer isso, mas é a verdade.
No mundo de hoje as pessoas que ainda se importam estão sendo dadas como idiotas, trouxas, otarias, sonhadoras, idealistas, afinal o mundo é dos espertos, ou como eu gosto de dizer dos que se acham espertos, talvez eles sejam mesmo e nós só estejamos pagando de bobos por nos importar tanto, ou não, quem é que vai saber?
A lógica da vida:
você se importa > você demonstra que se importa > você quebra a cara.
Quando você quebra a cara, ouve coisas como "você deveria saber que não pode se importar tanto assim com os outros, a culpa é sua", não discordo disso mas como saber quem são as outras pessoas além da gente mesmo com quem deveríamos nos importar? Muitas pessoas respondem essa pergunta com "você tem que saber quem merece ou não", mas vou citar um exemplo:
Você conhece alguém, vocês se tornam amigos, você confia, você não tem motivos para desconfiar, essa pessoa te apunhala pelas costas.
A culpa é de quem? De você por se importar, só porque o "certo" é que não se pode confiar em ninguém? Não, a culpa não é sua, é do outro por não saber valorizar alguém que se importa. Você não tem que se tornar uma pessoa amargurada na vida por causa dos outros.
Escrevo essas palavras não para dizer os outros o que fazer ou para julgar alguém, a escolha é de cada um, escrevo para me aconselhar, para me ajudar a manter o equilíbrio, escrevo para quem assim como eu também precisa de conselhos quando se sente perdido.
Chegar ao equilíbrio é fácil, difícil é se manter equilibrado quando você desce na merda do seu inferno e tem que enfrentar os seus demônios. Admiro quem consegue se manter equilibrado em todas as situações da vida, principalmente nas merdas, mas peço humildemente para que não exijam de mim o mesmo, principalmente quando eu não me sentir capaz. Ninguém exige de mim mais do que eu mesma. Ninguém.

Karen Caroline

quinta-feira, 26 de março de 2015

Não to falando da crise dos 20!



Por mais que todas as forças existentes nesse mundo, me digam que nós nascemos, crescemos, casamos, reproduzimos e morremos, como os animais que somos, eu sei que existe algo além disso. Me pergunto seriamente todos os dias antes de dormir e quando acordo "É realmente essa vida que eu quero levar? É isso mesmo que quero para mim? Crescer, trabalhar, estudar, casar, ter filhos e morrer? Será que não basta só crescer, trabalhar, morar sozinha, ter uns 2 gatos, alguns incensos acesos o dia inteiro e uma jarra de café todo fim de noite?"
Há alguma coisa no universo que me inspira a questionar quais são os meus reais desejos e vontades. Será que é necessário mesmo termos que seguir está ordem? Digo, viver para casar, trabalhar, estudar, ter filhos e morrer?
Nós crescemos e descobrimos que não é assim que a banda toca, que o rock não é tão trash, e que o que a gente escolhe e sente é o que importa. Durante essas duas décadas de vida, escolhi muita coisa, inclusive coisas que eu não precisava passar, mas me arrependo bem pouco delas, até porque acredito que o que escolhemos em qualquer época da vida, é o que precisamos, se lamentar e se arrepender por coisas que você escolheu só porque não deu o resultado que você esperava é uma bela de uma perda de tempo.
É engraçado chegar aos 20, algumas pessoas percebem que passaram por muitas coisas nessa vida, que viveu como tinha que viver apesar de ainda ter muito pela frente, outras não viveram nada do que queriam, mas sabem que ainda tem tempo. Você começa a se questionar sobre o que realmente é importante, como aquelas reflexões que os mais idosos costumam ter na calçada de casa no fim da tarde, enquanto se embalam em uma cadeira de balanço.
Tenho 50 ou tenho 20? Ah, eu tenho 49!
A gente passa tanto tempo acumulando experiências e esquecendo de dividi-la com o outro. Sentar com alguém bem mais velho e compartilhar informações é uma maneira de como observar a diferença das gerações, é interessante descobri coisas que eles levaram a vida toda para descobrir que você descobriu aos 20, ou aprender coisas que você só entenderá aos 70.
Olhar para as pessoas e descobrir cada pedacinho que elas querem compartilhar da história dela com você é uma experiência única.
A vida é cheia de escolhas, mas a gente se torna escravo daquilo que nos aprisiona, uma escolha pode nos controlar por anos e mesmo assim acharmos absolutamente normal pelo costume de conviver com aquilo por tanto tempo, as vezes nos esquecemos que a vida é tão curta, é inútil se conformar com qualquer situação que não nos faça feliz. Lembrando sempre que os corajosos de hoje, foram os covardes de ontem.


As novidades que a vida trás, assusta muito neguinho acostumado com o sistema social que nós inventamos para organizar a vida para não sofrermos, embora ainda se possa criar muitos métodos para fugir de qualquer tipo de sofrimento, ele ainda é inevitável, sempre vai ser inevitável. O sofrimento vem para todos independente da classe social, da raça, e do sexo, todos em algum momento da vida vamos sofrer mais de uma vez por alguma coisa. Criamos cadeias de proteção em nossa mente, buscamos válvulas de escape da sensação de vazio, a gente foge da realidade como pode, mas não adianta ela bate duro como uma parede de concreto.
Algumas coisas na vida não foram feitas para serem entendidas, acho ótimo que seja assim.

Karen Caroline

terça-feira, 3 de março de 2015

Ancorei meu navio no teu porto!



"Querida, estou indo embora!" disse enquanto há abraçava sem saber se poderia vê-la de novo."
"Volte meu amor!" disse em lágrimas enquanto o via partir no horizonte."
"Durante essa viagem "Disfarça e chora" é minha trilha sonora, nunca que eu quis deixar aquela bela mulher desolada sem saber se eu voltaria."
"Entrei numa roubada, me apaixonei por um homem que sei que o destino é incerto. O coração da gente nos mete em cada situação, esse danado não se cansa."
"Nenhuma das mulheres que conheço em cada porto é capaz de aquecer meu coração da maneira que a minha donzela consegue. Tantas mulheres com corações partidos, que buscam amor em meu colo, é uma lástima não poder ajudar, já tenho um coraçãozinho que se levanta cedo todos os dias pra me abençoar com uma prece."
"O dono da melhor loja da cidade me sorrir com segundas intenções, fujo meu olhar, não tenho interesse em retribuir.
 "Uma bela moça igual a você, deveria está bem acompanhada. E se não tiver problemas, eu me ofereço, com gosto." E de novo eu o ignoro. "
"Na mesa de um bar, mas uma briga eu arranjei, tudo por causa de uma puta que eu não quis beijar."
"Nessa noite escura, sem luar e sem estrelas penso no meu amado. Será que volta? Me sinto insegura, penso se outra moça mais formosa possa tê-lo conquistado."
"Acordei no outro dia com gosto de sangue na boca, jogado em um beco sem nenhum centavo no bolso. Estava perdido, não lembrava de nada, fui em direção ao porto procurar o meu navio."
"Fui ao porto esperar por meu amado, a tarde caia, o anoitecer se aproximava e o meu amor não vinha."
"Meu navio havia sido tomado, e meus tripulantes mortos, senti uma pontada tornar meu corpo febril e gélido..."
"Dias e meses se passavam e meu amor não voltava, um pressentimento ruim se passava em meu coração."
Todos os dias Clara ia para o porto esperar por seu amado que por maldade do destino talvez nunca mais voltasse. Uns diziam que ela enlouqueceu, outros contavam histórias de que teria se envolvido com bruxaria, outros que  havia vendido a alma e por isso sua penitência. Mas ninguém nunca soube que a aquela pobre mulher apenas esperava por um amor que não voltaria  que aquela mulher apenas não aceitava um fim, que aquela mulher tinha esperanças. 


Karen Caroline

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Uma história triste sobre uma mulher covarde!

Uma breve história de quando paramos no tempo e não temos coragem. Isso não é sobre superar algo, isso é sobre deixar a tristeza te sucumbir por total.

A dose alta de nicotina sempre atrapalhava a nossa conversa no meio da noite, o meio estava perto do fim e o inicio estava perdido em algum conto barato nos jornais, sentia falta do afago ao adormecer que parecia ter sido esquecido com o tempo. O café da manhã era um grito no vazio, a solidão se fazia presente ao longo do dia, independente de onde eu pudesse estar, eu estava sozinha, podia sentir que o clima nublado e que o clima quente traziam o vento para que ele pudesse debater em meus braços inquietos, em meus cabelos mal comportados, e em meu rosto onde o tempo começa a mostrar que está passando.
Em frente a um espelho enorme em meu quarto, sou capaz de observar a beleza da nudez desgasta e triste de meu corpo e por um instante isso me envergonha, mas logo depois me dou conta que isso é o que eu sou, o que me tornei, o que faz de mim ser o que é, não apenas a parte externa, e sim a interna. Interna da alma, uma alma que aguenta a anos um homem que levanta todos os dias e não a nota, uma alma que um dia pensou ter encontrado o amor e agora observa tudo isso de longe ir embora, se sentindo como um vácuo, uma alma gritando no vazio que está doente de solidão, uma alma que não encontra alimento e está em rumo a um caminho sem volta.
Coloco minhas vestes, uma camisola cor salmão de seda como se estivesse fazendo uma prece demorada, como se pudesse ouvir o cântico triste dos anjos tocando em meu coração, vou até a cozinha, procuro bebida, mas só encontro água, me deito na mesa que fica embaixo da maior árvore de nosso quintal, um sol de 30º banha o dia de hoje. As horas passam, meus pensamentos correm, continuo solitária, fecho os olhos e quando os abro estou deitada do meu lado da cama e o despertador está indicando que mais um dia começa, mais um dia se repete, mais um dia em que estou envelhecendo, solitária e calada, esperando por algo que eu nem sei o que é, esperando e esperando...
Sou covarde o suficiente para continuar aqui nessa mesma vida, nesse mesmo quadrado, espero que tudo chegue a mim, mas é tudo que eu tenho garantido, é tudo que eu consegui construir ao longo da vida, não posso simplesmente renegar as coisas que pude conquistar que foi um bom marido, uma boa vida, uma boa casa, um bom emprego, uma boa aposentadoria, um filho... Um filho que a vida levou de mim tão jovem...
Quando se acorda prestes a mudar o próprio destino tu não fazes cerimônia, tu não chamas a atenção, tu deixas tudo como está naquele lugar. Resolvi escrever uma carta aquela manhã, escrevi uma carta destinada ao meu marido, o homem que dorme ao meu lado a 40 anos.

“Querido, Charles ....
Eu te amo, não sei se é um bom jeito de começar uma carta, então vá se fuder são as palavras mais sinceras que posso lhe oferecer, porque no fim de tudo é o único sentimento que me resta por ti. Dormes e acordas ao meu lado a 40 anos, e a 20 a única coisa que fazes é fumar uma carteira de cigarro e adormecer, não conversamos e todas as minhas tentativas de chamar sua atenção foram como merda descendo pelo vaso sanitário, foram as suas traições, sim eu sempre soube, a sua secretaria é ótima e útil sendo bem paga. Mas não posso deixar de agradecer pelos os outros belos anos que passamos juntos e que você me amou, pelo tempo que você gastou comigo quando nosso filho morreu naquele inverno de agosto de 1992 e tudo que me sobrou foi um coração partido e lágrimas, todo o amor que tu poderias sentir por mim eu vi naquela época, sou grata por tudo.
Está é uma carta de despedida e eu espero do fundo de minha alma que tu consigas passar o terno sozinho, achar a gaveta que o cotonete está que é sempre a primeira da penteadeira no segundo quarto, as meias elas estão em bolsa de crochê do seu lado da cama que consegui terminar semana passada, mas só lembrei hoje, contrate uma empregada não vais dar conta de tudo sozinho. Por favor não se culpe, meu coração ele nunca mais se recuperou desde que nosso pequeno Eduardo se foi, agora espero me juntar a ele em algum lugar do mundo, embora todos os lugares e crenças digam que suicídio te levam direto para um lugar escuro e sombrio onde só se encontra sofrimento, eu tenho fé que poderia vê-lo novamente com os mesmos brilhos nos olhos como antes. Eu te amo meu bem... Até logo!”

                                                   Susan.

Coloquei a carta ao lado dele na cama com uma carteira de Marlboro, fui na janela observar pela última vez minha paisagem favorita, os pássaros cantavam e o vento bagunçava meus cabelos, senti uma leve paz e em seguida me olhei no espelho como uma alma prestes a deixar um corpo que viveu muita coisa, que sofreu o que podia e que agora, simplesmente tinha perdido as forças de continuar. Deitei-me do meu lado na cama, olhei para o ventilador no teto e coloquei guela abaixo aqueles frascos de veneno. Senti meu sangue queimando por dentro, minha vista embaçando e o ar fugindo de mim, estava aceitando a morte, mas um desespero tomou conta de mim quando a sensação de sufocamento começou a aparecer, não sabia quanto tempo aquilo iria durar, só queria que acabasse logo. Antes de fechar meus olhos para sempre pude ver meu amado Charlie abrir a porta do quarto com um sorriso que mudou em 2 segundos quando ele viu o frasco de veneno em minhas mãos, correu em minha direção e antes que eu pudesse ouvi-lo gritar, tudo se acabou...


Karen Caroline